domingo, 30 de março de 2008

"Vinha trazendo no coração uma mágoa antiga que só fazia doer. Não sabia o que fazer com ela. E como apertava... E como doía... Ficava ela ali no canto esquerdo, bem quieta. Dava os ares de sua graça nas horas mais impensáveis. E como manchava... E como mexia... Pulava no peito como bola desgovernada que desce a ladeira sem olhar para os lados. Queria esquecê-la. Queria traí-la. Trancá-la lá fora sem pena da chuva. Deixando-a molhar como pano de porta, que sem borda aos poucos se encharca. Queria poder juntá-la com as mãos e com desespero de marujo perdido, arrancá-la para fora do barco. Deixá-la à deriva em companhia das ondas. Ela que se salvasse. Que se afogasse lentamente na imensidão fria dos mares. De longe eu acenaria, lamentando por não ter feito isso há mais tempo. Feliz por ter extirpado todo o tumor."

Alice ventura

5 comentários:

Gotera disse...

FAzia tepo q eu não acessava teu blog, pelo jeito ainda tens habilidade com as palavras, POetisa N.

Bruna disse...

Quem me dera suicidar minhas mágoas e ser feliz, ou pelo menos aliviada.
Como sempre usando as suas lindas palavras mágicas ;)

Hey, gostasse de Cat Power?

Beeeijo N.

Anônimo disse...

eu te amo.
as coisas que você escreve são lindas.

Gustavo Machado disse...

Quem tem que escrever um livro é a minha menina dos cabelos de fogo, não acha?
Beijos, beijos e... beijos!

Anônimo disse...
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