segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Carta

Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,
Rasguei-a sem ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadaveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
Ai, de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!

Mário Quintana

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Racional

Estou farta das tuas ideias tão claras e distintas a respeito das coisas, e é só pra contrapor tua lucidez que eu exponho minha confusão e instabilidade. Só não pense que a partir disso pode tirar conclusões e me fazer qualquer sugestão de equilíbrio.
Continue carregando areia, pedras e tantas barras de ferro, só para o teu ego, estúpido racional, saber que completou a jornada, porque no fim eu sei que é sobre um chão movediço que você há de erguer teu edifício.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Num cochilo, sonhei que...

Ao prenúncio da chuva chegando correu para o seu lugar preferido em dias de tempestade. É privilegiado, poucos têm uma colina no quintal de casa.
Passos largos e ligeiros tornaram a subida fácil, o esforço era mínimo de tão habituado que estava.
Os pingos grossos já respingavam numerosos, sem dúvida deixaram a manhã de sábado com cara de fim de tarde por causa da escuridão do céu.
No ar havia a energia dos raios, lá no horizonte da lagoa estavam eles radiantes.
Acomodou-se em uma pedra e por longos minutos os observou cair, era a sequência de raios mais bela que já tinha visto...