sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Vocabulário

Ora bolas, meu amigo, o tempo passa
E a gente acaba ficando para trás.
As expressões do tempo do onça estão caindo.
Hoje ninguém mais arrebenta a boca do balão.

Macacos me mordam, até pouco tempo atrás
Todos eram serelepes e escreviam tudo tinindo.
Pelas barbas do profeta, é o fim da picada,
Hoje nada mais é supimpa como antes.

Se não visse com meus próprios olhos, não acreditava,
Mas hoje ouço cada coisa estapafúrdia que nem imagina.
Um colosso de gente falando dialetos estranhos.
Acho que vou tirar minhas barbas de molho.

Tenho saudades de mil novecentos e guaraná de rolha.
Dizem que é a tal da globalização que fez isso.
Vamos fugir para onde Judas perdeu as botas,
E lá ainda vamos ser o ó do borogodó.

Por obséquio, gostaria de falar só mais uma coisa:
Vai ser batata, você vai ver, e eu também quero ver
O que vai acontecer com nosso vocabulário agora.
Sem chorumelas, bacana, só podemos morrer de rir.

Davi Drummond
Pintassilgo - Poemas e Poesias - 2006

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