terça-feira, 18 de outubro de 2011

Eu só guardo o que penso, não reflito, escrevo...

E nem sempre o que foi dito é no presente.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Seja lá qual fosse a minha preocupação agora, a minha irmã diria "ah, não esquenta, respira fundo". Ela é sempre otimista e vê o lado bom em tudo. Por isso é tão bom estar com ela. É suspiro depois do sufoco. É tirar o sapato apertado. É aquele vento que escapa da janela e passa pra lembrar que, sim, a vida é boa.

Saudade bate enquanto eu saboreio um chá de hortelã e leio o rótulo da caixa aqui sozinha, em casa ela me faria companhia...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

É impressionante como sintomas de TPM tomam uma proporção descomunal quando alguém te dá motivo. Se o mundo tivesse uma ideia, uma mísera ideia, um cacete de uma ideia do quanto eu estou temperamental por esses dias, o mundo seria um pouco mais cuidadoso. Mas não, não, o mundo é bem relapso.
Espero que eu não tenha de pegar a cabeça do mundo e bater na pia várias vezes mirando na quina, alternando entre testa, nariz e dentes.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu poderia ter tido essa ideia naquele momento, em vez de apenas me virar de costas e olhar as janelas dos outros prédios; em vez de apenas me perguntar se mais alguém na cidade passava por aquilo no mesmo instante, se havia tristeza em algum outro apartamento, ou se mais copos de vinho haviam sido derrubados, sem querer, antes de alguém sobrar sozinha como eu.
Eu deveria ter feito alguma coisa naquele começo de madrugada, em vez de apenas ligar a música e esperar pelo auge, oito minutos até ele. Eu poderia ter feito alguma coisa, em vez de apenas abrir as cortinas até o fim e jogar aquela composição pela janela, contaminar o silêncio da noite, acordar os vizinhos em lá menor...

terça-feira, 15 de março de 2011

"Era ela, elástica, com uma pele suave da cor do pão e olhos de amêndoas verdes, e tinha o cabelo liso e negro e longo até as costas, e uma aura de antiguidade que tanto podia ser da Indonésia como dos Andes. Estava vestida com um gosto sutil: jaqueta de lince, blusa de seda natural com flores muito tênues, calças de linho cru, e uns sapatos rasos da cor das buganvílias. 'Esta é a mulher mais bela que vi na vida', pensei, quando a vi passar com seus sigilosos passos de leoa, enquanto eu fazia fila para abordar o avião para Nova York no aeroporto Charles de Gaulle de Paris. Foi uma aparição sobrenatural que existiu um só instante e desapareceu na multidão do saguão."

 Adoro a maneira como Gabriel García Marquez narra os fatos, envolve a gente intensamente.
Preciso fechar o livro e abrir outro nada envolvente, pois os doutrinadores de direitos mais moderninhos não brincam mais de serem escritores de romance como seus antecessores faziam. Será pra economizar papel?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Carta

Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,
Rasguei-a sem ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadaveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
Ai, de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!

Mário Quintana

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Racional

Estou farta das tuas ideias tão claras e distintas a respeito das coisas, e é só pra contrapor tua lucidez que eu exponho minha confusão e instabilidade. Só não pense que a partir disso pode tirar conclusões e me fazer qualquer sugestão de equilíbrio.
Continue carregando areia, pedras e tantas barras de ferro, só para o teu ego, estúpido racional, saber que completou a jornada, porque no fim eu sei que é sobre um chão movediço que você há de erguer teu edifício.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Num cochilo, sonhei que...

Ao prenúncio da chuva chegando correu para o seu lugar preferido em dias de tempestade. É privilegiado, poucos têm uma colina no quintal de casa.
Passos largos e ligeiros tornaram a subida fácil, o esforço era mínimo de tão habituado que estava.
Os pingos grossos já respingavam numerosos, sem dúvida deixaram a manhã de sábado com cara de fim de tarde por causa da escuridão do céu.
No ar havia a energia dos raios, lá no horizonte da lagoa estavam eles radiantes.
Acomodou-se em uma pedra e por longos minutos os observou cair, era a sequência de raios mais bela que já tinha visto...

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma nova dimensão do famoso amor

No momento em que você sente que não depende mais de ninguém, uma profunda serenidade e silêncio caem sobre você, uma tranquila entrega.
Isso não significa que você pare de amar. Pelo contrário, pela primeira vez você conhece uma nova qualidade, uma nova dimensão do amor, um amor que não é mais biológico, que está mais próximo da amabilidade do que qualquer relacionamento.

Osho, em Amor, Liberdade e Solitude: Uma Nova Visão Sobre os Relacionamentos.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Masoquismo felino

Ao chegar em casa minha gata se debruçou aos meus pés ronronando e me dando carinho ( ou pedindo?). O curioso é que eu tenho a esnobado por toda semana por falta de tempo.
É esse amor incondicional que eu nunca vou aprender, dar carinho mesmo tendo sido dispensada o dia inteiro é algo inerente aos bichos, inconcebível aos humanos.
Porém, há quem diga que eles nos exploram e fazem aquela carinha de pedinde para ganhar um afago e um cafuné, e não pra convencer que nos amam independentemente da dor de cotovelo que sentem. Essa segunda hipótese muitos humanos praticam, pois mesmo esnobados jogam-se aos pés do esnobador pra ganhar uma demonstração de afeto.
Descobri isso praticando reiteradamente. O que eu não sei é como os gatos são felizes dessa forma (pelo menos aparentam ser).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Buon compleanno alla solitudine

Fim de tarde e eu já estava em casa, uma proeza que nem sempre consigo. Nem nas férias. Aproveitei a brisa mansa e a agenda livre, a mercê das minhas vontades, e me sentei na varanda acompanhada dos clássicos dos clássicos, uma gata magrela e uma taça de vinho.
O tempo foi escoando devagarinho e eu observei cada nuvem que passou, uma a uma sob o sol poente, me faz tão bem...
De repente um pensamento irrompeu: Hoje completa 1 ano que moro sozinha.
Diante de dificuldades, surpresas não muito boas, saudades e momentos de solidão esmagadora, eu percebi que nem foi tão ruim assim encarar essa jornada. Reclamei menos do que devia, não mais do que podia. Mais um brinde, que sorte a minha!